Síndromes - Rett
Síndrome de Rett: O que É, Causas, Sintomas, Pesquisas.
05/06/2009 - Leila Schuindt Monnerat.
O que é a síndrome de Rett?
A síndrome de Rett é uma doença neurológica que afeta principalmente o
sexo feminino (aproximadamente 1 em cada 10.000 a 15.000 meninas nascidas
vivas), em todos os grupos étnicos.
Clinicamente é caracterizada pela perda progressiva das funções
neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento aparentemente normal,
que vai de 6 a 18 meses de idade. Após esta idade, as habilidades adquiridas
(como fala, capacidade de andar e uso intencional das mãos) são perdidas
gradativamente e surgem as estereotipias manuais (movimentos repetitivos e
involuntários das mãos), que é característica marcante da doença.
Histórico.
Em 1954, o pediatra austríaco Andreas Rett (1924-1997) observou, na sala
de espera de seu consultório, duas pacientes sentadas lado a lado, que
apresentavam sintomas bem parecidos. Revisando os prontuários de seu
consultório, verificou que havia mais seis meninas semelhantes àquelas. Isto
despertou nele o interesse em estudar aquela doença neurológica e ele deu
início à procura por pacientes que apresentavam sintomas semelhantes.
Em 1966, Dr. Rett publicou os resultados de seu estudo inicial sobre
esta "nova" doença e nos anos seguintes novos artigos sobre o
assunto. Entretanto, seu trabalho teve pouca repercussão, uma vez que seus
artigos foram publicados em revistas científicas em alemão.
Paralelamente, a partir da década de 60, o médico sueco Dr. Bengt
Hagberg ( nasc. 1923) iniciou um estudo sobre suas pacientes que apresentavam
sintomas semelhantes aos descritos pelo Dr. Rett. Embora seus estudos
estivessem sendo realizados de forma independente, estes dois médicos haviam
relatado a mesma doença e, em 1983, o Dr. Hagberg publicou o primeiro trabalho
científico em inglês sobre esta doença e a chamou de síndrome de Rett. A partir
deste momento, a comunidade científica de todo o mundo voltou suas atenções
para a síndrome de Rett, na tentativa de determinar sua causa.
Sintomas.
O diagnóstico da síndrome de Rett
é baseado na avaliação clínica da paciente e deve ser feito por um profissional
habilitado para tal, como neurologistas e pediatras.
Este diagnóstico é feito com base
nos critérios diagnósticos estabelecidos, que consistem em:
Critérios necessários (presentes em todas as pacientes).
- desenvolvimento pré-natal (antes do
nascimento) e perinatal (pouco tempo depois de nascer) aparentemente
normal;
- desenvolvimento psicomotor normal até os
6 meses de idade;
- perímetro cefálico (circunferência da
cabeça) normal ao nascimento;
- desaceleração do perímetro cefálico após
6 meses de idade;
- perda do uso propositado das mãos;
- movimentos manuais estereotipados
(torcer, apertar, agitar, esfregar, bater palmas, "lavar as
mãos" ou levá-las à boca);
- afastamento do convívio social, perda de
palavras aprendidas, prejuízos na compreensão, raciocínio e comunicação.
Critérios de suporte (presentes em algumas pacientes):
- distúrbios respiratórios em vigília
(hiperventilação, apneia, expulsão forçada de ar e saliva, aerofagia);
- bruxismo (ranger os dentes);
- distúrbios do sono;
- tônus muscular anormal;
- distúrbios vasomotores periféricos (pés
e mãos frios ou cianóticos);
- cifose/escoliose progressiva;
- retardo no crescimento;
- pés e mãos pequenos e finos.
Critérios de exclusão (ausentes nas pacientes):
- órgãos aumentados (organomegalia) ou
outro sinal de doenças de depósito;
- retinopatia, atrofia óptica e catarata;
- evidência de dano cerebral antes ou após
o nascimento;
- presença de doença metabólica ou outra
doença neurológica progressiva;
- doença neurológica resultante de
infecção grave ou trauma craniano.
Evolução clínica.
De acordo com a evolução e
sintomas, a síndrome de Rett é classificada em duas formas:
- clássica;
- atípica.
Na forma clássica, o quadro
clínico evolui em quatro estágios definidos:
Estágio 1 - de 6 a 18 meses de
idade.
- ocorre desaceleração do perímetro
cefálico (reflexo do prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso
central);
- alteração do tônus muscular (às vezes
parece "molinha");
- a criança interage pouco (muitas são
descritas como crianças "calmas") e perde o interesse por
brinquedos.
Neste estágio, os primeiros
sintomas da doença estão surgindo, mas muitas vezes nem são percebidos pelos
pais (especialmente se são "marinheiros de primeira viagem") ou pelos
médicos (muitos deles desconhecem a síndrome de Rett).
Estágio 2 - de 2 a 4 anos de idade.
- ocorre regressão do desenvolvimento;
- inicia-se a perda da fala e do uso
intencional das mãos, que é substituído pelas esteretipias manuais;
- ocorrem também distúrbios respiratórios,
distúrbios do sono (acordam à noite com ataques de risos ou gritos);
- manifestações de comportamento
autístico.
Estágio 3 - de 4 a 10 anos de
idade.
- a regressão é severa neste estágio e os
problemas motores, crises convulsivas e escoliose são sintomas marcantes.
- há melhora no que diz respeito à
interação social e comunicação (o contato visual melhora), elas tornam-se
mais tranquilas e as características autísticas diminuem.
Estágio 4 - a partir dos 10 anos
de idade.
- caracterizado pela redução da
mobilidade, neste estágio muitas pacientes perdem completamente a
capacidade de andar (estágio 4-A), embora algumas nunca tenham adquirido
esta habilidade (estágio 4-B);
- escoliose, rigidez muscular e distúrbios
vasomotores periféricos são sintomas marcantes;
- os movimentos manuais involuntários
diminuem em frequência e intensidade;
- a puberdade ocorre na época esperada na
maioria das meninas.
Nas formas atípicas, nem todos os sintomas estão presentes e os estágios
clínicos podem surgir em idade bem diferente da esperada.
Algumas doenças neurológicas compartilham sintomas com a síndrome de
Rett e isto pode dificultar o diagnóstico clínico especialmente nos primeiros
estágios da forma clássica (ou no caso de formas atípicas). Quando os primeiros
sintomas da síndrome de Rett estão surgindo, muitas pacientes são
diagnosticadas de forma equivocada como autistas, por exemplo. É importante que
os profissionais de saúde estejam atualizados e conheçam sobre a síndrome de
Rett para que sejam capazes de realizar o diagnóstico diferencial. Uma vez que
o diagnóstico precoce facilita o estabelecimento de uma estratégia terapêutica
adequada, a INFORMAÇÃO É FUNDAMENTAL.
Embora ainda não tenha sido descoberta a cura da síndrome de Rett, as
pacientes que são acompanhadas de forma adequada podem ter uma vida melhor e
mais feliz. E TAMBÉM VALE LEMBRAR: a síndrome de Rett não restringe a
expectativa de vida das pacientes.
Causa.
Como falamos no título "Histórico da síndrome de Rett", após a
década de 80 foi iniciada a busca pela causa da síndrome de Rett. Várias
hipóteses foram propostas para explicar a doença, mas quando vários casos
familiares (dentro da mesma família) foram relatados, ficou claro que a doença
tinha uma causa genética.
Na década de 90, os pesquisadores estiveram empenhados em descobrir
então qual era o gene (um ou vários?) e, no ano de 1999, a equipe chefiada pela
Dra. Huda Zoghbi descobriu que a síndrome de Rett é causada por mutações
(alterações) em um gene localizado no cromossomo X. Este gene, chamado MECP2
(do inglês methyl-CpG-binding protein 2) - e que nós pronunciamos "mec-pê-dois" - é um gene muito
importante no controle do funcionamento de outros genes, desde o
desenvolvimento embrionário. Ele codifica (produz) uma proteína (chamada MeCP2)
que controla a expressão de vários genes importantes para o desenvolvimento dos
neurônios (ou seja, quando e onde estes genes são expressos) em todos os
vertebrados. Fazendo uma analogia e simplificando (bastante), a MeCP2 funciona
como um dimmer (aquele botão que regula a intensidade da luz) e então podemos
explicar a causa da síndrome de Rett da seguinte forma: nas pacientes afetadas
pela síndrome de Rett, a MeCP2 não é capaz de funcionar corretamente e todo o
desenvolvimento dos neurônios do embrião fica comprometido.
É importante lembrar que mutações no DNA ocorrem em todas as nossa
células, ao longo de nossas vidas, todos os dias, sem que possamos saber ou
controlar. Portanto, os pais e mães de pacientes afetadas pela síndrome de
Rett, assim como pais de pacientes afetados por qualquer doença de origem genética,
JAMAIS DEVEM SE SENTIR CULPADOS.
Uma ponta de grande esperança.
Em 23 de fevereiro de 2007 foi publicado um artigo considerado um dos
marcos recentes na pesquisa sobre a síndrome de Rett. O artigo relata os
resultados da pesquisa chefiada pelo Dr. Adrian Bird, que demonstrou que os
sintomas da síndrome de Rett são reversíveis em camundongos. O trabalho
consistiu, resumidamente, no uso de uma linhagem de camundongos geneticamente
modificada, que teve um trecho de DNA introduzido na região do gene MECP2, o
qual teve sua expressão bloqueada, e por consequência os animais apresentavam
sintomas da síndrome de Rett. A remoção deste trecho de DNA foi induzida quando
os animais receberam injeções de uma droga chamada tamoxifeno e após algumas semanas eles deixaram
de apresentar os sintomas.
Estes resultados causaram grande furor entre os pais de pacientes, pois
muitos pensaram que havia sido descoberta uma droga para curar a doença. Na
verdade, o tamoxifeno fez parte do
protocolo experimental do estudo e não é uma cura.
Assim, o que este trabalho evidenciou foi a reversibilidade dos sintomas
da doença em modelos animais. Este foi um estudo preliminar e por isso requer
aprofundamento. Até chegar às pesquisas com pacientes será uma longa caminhada.
Apesar disso, os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa indicam que há uma
esperança para o desenvolvimento de terapias que possam restabelecer algumas
das habilidades das pacientes e, talvez, levar à cura da síndrome de Rett.
A síndrome de Rett é uma doença neurológica que afeta principalmente o
sexo feminino (aproximadamente 1 em cada 10.000 a 15.000 meninas nascidas
vivas), em todos os grupos étnicos.
Clinicamente é caracterizada pela perda progressiva das funções
neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento aparentemente normal,
que vai de 6 a 18 meses de idade. Após esta idade, as habilidades adquiridas
(como fala, capacidade de andar e uso intencional das mãos) são perdidas
gradativamente e surgem as estereotipias manuais (movimentos repetitivos e
involuntários das mãos), que é característica marcante da doença.
Histórico.
Em 1954, o pediatra austríaco Andreas Rett (1924-1997) observou, na sala
de espera de seu consultório, duas pacientes sentadas lado a lado, que
apresentavam sintomas bem parecidos. Revisando os prontuários de seu
consultório, verificou que havia mais seis meninas semelhantes àquelas. Isto
despertou nele o interesse em estudar aquela doença neurológica e ele deu
início à procura por pacientes que apresentavam sintomas semelhantes.
Em 1966, Dr. Rett publicou os resultados de seu estudo inicial sobre
esta "nova" doença e nos anos seguintes novos artigos sobre o
assunto. Entretanto, seu trabalho teve pouca repercussão, uma vez que seus
artigos foram publicados em revistas científicas em alemão.
Paralelamente, a partir da década de 60, o médico sueco Dr. Bengt
Hagberg ( nasc. 1923) iniciou um estudo sobre suas pacientes que apresentavam
sintomas semelhantes aos descritos pelo Dr. Rett. Embora seus estudos
estivessem sendo realizados de forma independente, estes dois médicos haviam
relatado a mesma doença e, em 1983, o Dr. Hagberg publicou o primeiro trabalho
científico em inglês sobre esta doença e a chamou de síndrome de Rett. A partir
deste momento, a comunidade científica de todo o mundo voltou suas atenções
para a síndrome de Rett, na tentativa de determinar sua causa.
Sintomas.
O diagnóstico da síndrome de Rett
é baseado na avaliação clínica da paciente e deve ser feito por um profissional
habilitado para tal, como neurologistas e pediatras.
Este diagnóstico é feito com base
nos critérios diagnósticos estabelecidos, que consistem em:
Critérios necessários (presentes em todas as pacientes).
- desenvolvimento pré-natal (antes do
nascimento) e perinatal (pouco tempo depois de nascer) aparentemente
normal;
- desenvolvimento psicomotor normal até os
6 meses de idade;
- perímetro cefálico (circunferência da
cabeça) normal ao nascimento;
- desaceleração do perímetro cefálico após
6 meses de idade;
- perda do uso propositado das mãos;
- movimentos manuais estereotipados
(torcer, apertar, agitar, esfregar, bater palmas, "lavar as
mãos" ou levá-las à boca);
- afastamento do convívio social, perda de
palavras aprendidas, prejuízos na compreensão, raciocínio e comunicação.
Critérios de suporte (presentes em algumas pacientes):
- distúrbios respiratórios em vigília
(hiperventilação, apneia, expulsão forçada de ar e saliva, aerofagia);
- bruxismo (ranger os dentes);
- distúrbios do sono;
- tônus muscular anormal;
- distúrbios vasomotores periféricos (pés
e mãos frios ou cianóticos);
- cifose/escoliose progressiva;
- retardo no crescimento;
- pés e mãos pequenos e finos.
Critérios de exclusão (ausentes nas pacientes):
- órgãos aumentados (organomegalia) ou
outro sinal de doenças de depósito;
- retinopatia, atrofia óptica e catarata;
- evidência de dano cerebral antes ou após
o nascimento;
- presença de doença metabólica ou outra
doença neurológica progressiva;
- doença neurológica resultante de
infecção grave ou trauma craniano.
Evolução clínica.
De acordo com a evolução e
sintomas, a síndrome de Rett é classificada em duas formas:
- clássica;
- atípica.
Na forma clássica, o quadro
clínico evolui em quatro estágios definidos:
Estágio 1 - de 6 a 18 meses de
idade.
- ocorre desaceleração do perímetro
cefálico (reflexo do prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso
central);
- alteração do tônus muscular (às vezes
parece "molinha");
- a criança interage pouco (muitas são
descritas como crianças "calmas") e perde o interesse por
brinquedos.
Neste estágio, os primeiros
sintomas da doença estão surgindo, mas muitas vezes nem são percebidos pelos
pais (especialmente se são "marinheiros de primeira viagem") ou pelos
médicos (muitos deles desconhecem a síndrome de Rett).
Estágio 2 - de 2 a 4 anos de idade.
- ocorre regressão do desenvolvimento;
- inicia-se a perda da fala e do uso
intencional das mãos, que é substituído pelas esteretipias manuais;
- ocorrem também distúrbios respiratórios,
distúrbios do sono (acordam à noite com ataques de risos ou gritos);
- manifestações de comportamento
autístico.
Estágio 3 - de 4 a 10 anos de
idade.
- a regressão é severa neste estágio e os
problemas motores, crises convulsivas e escoliose são sintomas marcantes.
- há melhora no que diz respeito à
interação social e comunicação (o contato visual melhora), elas tornam-se
mais tranquilas e as características autísticas diminuem.
Estágio 4 - a partir dos 10 anos
de idade.
- caracterizado pela redução da
mobilidade, neste estágio muitas pacientes perdem completamente a
capacidade de andar (estágio 4-A), embora algumas nunca tenham adquirido
esta habilidade (estágio 4-B);
- escoliose, rigidez muscular e distúrbios
vasomotores periféricos são sintomas marcantes;
- os movimentos manuais involuntários
diminuem em frequência e intensidade;
- a puberdade ocorre na época esperada na
maioria das meninas.
Nas formas atípicas, nem todos os sintomas estão presentes e os estágios
clínicos podem surgir em idade bem diferente da esperada.
Algumas doenças neurológicas compartilham sintomas com a síndrome de
Rett e isto pode dificultar o diagnóstico clínico especialmente nos primeiros
estágios da forma clássica (ou no caso de formas atípicas). Quando os primeiros
sintomas da síndrome de Rett estão surgindo, muitas pacientes são
diagnosticadas de forma equivocada como autistas, por exemplo. É importante que
os profissionais de saúde estejam atualizados e conheçam sobre a síndrome de
Rett para que sejam capazes de realizar o diagnóstico diferencial. Uma vez que
o diagnóstico precoce facilita o estabelecimento de uma estratégia terapêutica
adequada, a INFORMAÇÃO É FUNDAMENTAL.
Embora ainda não tenha sido descoberta a cura da síndrome de Rett, as
pacientes que são acompanhadas de forma adequada podem ter uma vida melhor e
mais feliz. E TAMBÉM VALE LEMBRAR: a síndrome de Rett não restringe a
expectativa de vida das pacientes.
Causa.
Como falamos no título "Histórico da síndrome de Rett", após a
década de 80 foi iniciada a busca pela causa da síndrome de Rett. Várias
hipóteses foram propostas para explicar a doença, mas quando vários casos
familiares (dentro da mesma família) foram relatados, ficou claro que a doença
tinha uma causa genética.
Na década de 90, os pesquisadores estiveram empenhados em descobrir
então qual era o gene (um ou vários?) e, no ano de 1999, a equipe chefiada pela
Dra. Huda Zoghbi descobriu que a síndrome de Rett é causada por mutações
(alterações) em um gene localizado no cromossomo X. Este gene, chamado MECP2
(do inglês methyl-CpG-binding protein 2) - e que nós pronunciamos "mec-pê-dois" - é um gene muito
importante no controle do funcionamento de outros genes, desde o
desenvolvimento embrionário. Ele codifica (produz) uma proteína (chamada MeCP2)
que controla a expressão de vários genes importantes para o desenvolvimento dos
neurônios (ou seja, quando e onde estes genes são expressos) em todos os
vertebrados. Fazendo uma analogia e simplificando (bastante), a MeCP2 funciona
como um dimmer (aquele botão que regula a intensidade da luz) e então podemos
explicar a causa da síndrome de Rett da seguinte forma: nas pacientes afetadas
pela síndrome de Rett, a MeCP2 não é capaz de funcionar corretamente e todo o
desenvolvimento dos neurônios do embrião fica comprometido.
É importante lembrar que mutações no DNA ocorrem em todas as nossa
células, ao longo de nossas vidas, todos os dias, sem que possamos saber ou
controlar. Portanto, os pais e mães de pacientes afetadas pela síndrome de
Rett, assim como pais de pacientes afetados por qualquer doença de origem genética,
JAMAIS DEVEM SE SENTIR CULPADOS.
Uma ponta de grande esperança.
Em 23 de fevereiro de 2007 foi publicado um artigo considerado um dos
marcos recentes na pesquisa sobre a síndrome de Rett. O artigo relata os
resultados da pesquisa chefiada pelo Dr. Adrian Bird, que demonstrou que os
sintomas da síndrome de Rett são reversíveis em camundongos. O trabalho
consistiu, resumidamente, no uso de uma linhagem de camundongos geneticamente
modificada, que teve um trecho de DNA introduzido na região do gene MECP2, o
qual teve sua expressão bloqueada, e por consequência os animais apresentavam
sintomas da síndrome de Rett. A remoção deste trecho de DNA foi induzida quando
os animais receberam injeções de uma droga chamada tamoxifeno e após algumas semanas eles deixaram
de apresentar os sintomas.
Estes resultados causaram grande furor entre os pais de pacientes, pois
muitos pensaram que havia sido descoberta uma droga para curar a doença. Na
verdade, o tamoxifeno fez parte do
protocolo experimental do estudo e não é uma cura.
Assim, o que este trabalho evidenciou foi a reversibilidade dos sintomas
da doença em modelos animais. Este foi um estudo preliminar e por isso requer
aprofundamento. Até chegar às pesquisas com pacientes será uma longa caminhada.
Apesar disso, os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa indicam que há uma
esperança para o desenvolvimento de terapias que possam restabelecer algumas
das habilidades das pacientes e, talvez, levar à cura da síndrome de Rett.
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