O Preconceito

Quanto mais narcísica for uma sociedade, uma cultura, maior a exigência de perfeição e de igualdade entre seus membros. Tudo aquilo que não se adequar aos padrões considerados "normais" ou desejados, fica condenado à discriminação e rejeição; a condição de diferente leva a uma classificação pejorativa. Durante séculos as pessoas com sofrimento mental foram afastadas do resto da sociedade, algumas vezes encarcerados em condições precárias, sem direito a se manifestarem na condução da sua vida. o preconceito e o estigma da pessoa portadora de qualquer transtorno ou deficiência até hoje permeia a nossa sociedade, por vezes fazendo de conta que ela não existe ou que seja alguma invenção da mídia. O problema é que quando alguém é marcado como diferente, é difícil para ele ser aceito, não importa o quanto ele tente. Não é possível afastar o estigma e o resultado disso é que eles são os estranhos e que não se enquadram na vida. A família como unidade social significativa, parte de uma unidade social maior,  poderia assumir parte da responsabilidade, pois é dentro dos limites desta unidade social que a criança aprenderá a ser o tipo de pessoa que a sociedade determina como normal. No entanto para mim foi nessa sociedade/família que o preconceito/rejeição mais impera. Não são raras as vezes que passaram por mim e não viram "será que sou invisível?", ou as vezes que me trataram como doente “contagiosa”.  É claro que como toda sociedade graças a Deus existe aqueles que são sensíveis.  Porém o isolamento é quase inevitável.

Adolescência

A minha infância se foi muito rápido, ou talvez nunca acabe.

Por aproximadamente um ano minha mãe desenvolveu o programa renascer comigo. Todos em casa estavam envolvidos no programa, meu irmão fazia muitas atividades comigo. Liliane a moça que trabalhava em casa fazia as atividades comigo enquanto minha mãe estava trabalhando. Uma das atividades era arrastar por 10 vezes na sala de casa, eu fazia isso 3 vezes ao dia. Mas era bom, ganhava como premio uma batatinha "que delícia!"
Alguns primos também em algum momento estiveram presentes em algumas atividades, para eles isso também era uma brincadeira. Mas todo os meses eu tinha que ir a São José do Rio Preto para fazer o acompanhamento do programa, e isso ficava muito caro. Não sei bem quando mas meus pais desistiram do programa, a moça que me ajudava saiu e manter o programa estava ficando difícil, mas até hoje lamentam. Quando eu tinha quase 10 anos minha primeira menstruação chegou, eu não entendia e não sabia como cuidar. Para minha mãe começava uma etapa muito difícil, eu retirava o absorvente sujava as mãos, as roupas, a cama. Nesse ano abriu na cidade uma escola que iria atender crianças excepcionais e eles diziam que ali poderiam ajudar. Fiquei um ano na escola mas eles resolveram não atender as crianças  com dificuldades maiores, como eu. O jeito era ficar em casa mesmo, minha mãe chegou a contratar uma professora para me ajudar em casa, mas ela desistiu logo. Então como meus pais não queriam que eu voltasse para Apae, fiquei sem atendimento. Com a idade tudo fica mais difícil e agora o preconceito passa ser o maior desafio.


Autismo

O que é?

O autismo é uma alteração "cerebral" / "comportamental" que afecta a capacidade da pessoa comunicar, de estabelecer relacionamentos e de responder apropriadamente ao ambiente que a rodeia.

Algumas crianças, apesar de autistas, apresentam inteligência e fala intactas, algumas apresentam também retardo mental, mutismo ou importantes atrasos no desenvolvimento da linguagem.

Alguns parecem fechados e distantes e outros parecem presos a comportamentos restritos e rígidos padrões de comportamento.

O autismo é mais conhecido como um problema que se manifesta por um alheamento da criança ou adulto acerca do seu mundo exterior encontrando-se centrado em si mesmo ou seja existem perturbações das relações afectivas com o meio.

A maioria das crianças não fala e, quando falam, é comum a ecolália (repetição de sons ou palavras), inversão pronominal etc..

O comportamento delas é constituído por actos repetitivos e estereotipados; não suportam mudanças de ambiente e preferem um contexto inanimado.

O termo autismo se refere ás características de isolamento e auto-concentração das crianças.

O autista possui uma incapacidade inata para estabelecer relações afectivas, bem como para responder aos estímulos do meio.

É universalmente reconhecida a grande dificuldade que os autistas têm em relação á expressão das emoções.

Características comuns do autista:

  • Tem dificuldade em estabelecer contacto com os olhos,
  • Parece surdo, apesar de não o ser,
  • Pode começar a desenvolver a linguagem mas repentinamente ela é completamente interrompida.
  • Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros,
  • Por vezes ataca e fere outras pessoas mesmo que não existam motivos para isso,
  • Costuma estar inacessível perante as tentativas de comunicação das outras pessoas,
  • Não explora o ambiente e as novidades e costuma restringir-se e fixar-se em poucas coisas,
  • Apresenta certos gestos repetitivos e imotivados como balançar as mãos ou balançar-se,
  • Cheira, morde ou lambe os brinquedos e ou roupas,
  • Mostra-se insensível aos ferimentos podendo inclusive ferir-se intencionalmente
  • Etc.

Causas:

A nível médico as causas são desconhecidas apesar das investigações e estudos feitos.

Tratamentos:

Poucos são os tratamentos actualmente existentes uma vez que os resultados são muito pequenos e morosos.

Os tratamentos passam por uma estimulação constante e por um apoio constante como forma de estimular e fazer com que a criança interaja com o ambiente, com as pessoas e com outras crianças.

Frequentemente usa-se a hipoterapia, a musicoterapia, a terapia da fala, a natação, o contacto com animais, o apoio em casa e com especialistas e muitas outras abordagens.

Infelizmente estas abordagens não resolvem as causas por detrás do autismo.

Há que resolver as causas por detrás do autismo e para isso há que compreender quais elas são.


Novas abordagens:


Causas:

A observação e trabalho com crianças autistas (bem como com crianças disléxicas, hiperactivas e outras) mostra que as crianças autistas têm uma compressão demasiado grande em termos de cabeça.

Isto pode equivaler a ter a cabeça colocada num torno.

O sofrimento que se consegue sentir na cabeça destas crianças costuma ser imenso.

E é muito desse sofrimento que provoca a compressão que se costuma sentir na sua cabeça.

A maneira como reagimos às emoções é comprimindo o corpo. Veja como exemplo a raiva e o seu efeito no corpo.

Sabendo que a fáscia pode criar compressões de até 140 Kgs por centímetro quadrado, pode-se imaginar o que isso representa na cabeça da criança autista.

Com tamanha compressão é mais do que óbvio que a criança ou adulto não consegue interagir com o meio pois está demasiado absorvido com a sua dor e com o seu desconforto.

As raivas da criança e a sua incapacidade de actuação encontram aqui as explicações.

Ninguém consegue estar bem nem interagir com o meio se está demasiado desconfortável.

Mais; os trabalhos e investigação do Dr. Upledger (criador daCranioSacral Therapy) mostraram que as tensões e compressões a nível das meninges existem nas crianças autistas e que estas precisam de sessões semanais (1 a 3) durante todo o seu crescimento até cerca dos 18 anos por forma a que o sistema crânio sacral funcione nas melhores condições uma vez que é este sistema que é o responsável por todo o ambiente fisiológico no qual todo o sistema nervoso vive, funciona e se desenvolve.

As tensões ao nível das meninges afectam todo o funcionamento não só do sistema crânio sacral mas de todo o sistema nervoso central pelo que há que libertar as tensões existentes nas meninges por forma a que o sistema crânio sacral e o sistema nervoso possam funcionar o melhor possível.

Pela minha experiência com estas e outras situações o que posso dizer é que de facto a tensão a nível da cabeça e a nível das meninges é demasiado grande o que explica o desconforto, irritação, agressividade,depressão, problemas de aprendizagem, desordens de atenção, défice de atenção, dislexia, hiperactividade, autismo, etc. que as crianças apresentam.

Tratamentos:

A solução para estes problemas passa por terapias que corrijam estas tensões, alterações e disfunções existentes.

Para o efeito pode-se utilizar a Terapia Craneo Sacral ou a Libertação Miofascial.

Eu pessoalmente uso (usei) mais a Libertação Miofascial em virtude de ser mais rápida e eficaz e em virtude de trabalhar todo o corpo e dedesmemorizar os tecidos.

Com a Libertação Miofascial consigo muito mais e muito mais rapidamente resultados nas diversas situações que me aparecem no meu dia a dia.

No entanto, eu estou a utilizar outras abordagens por forma a acelerar os resultados e por forma a trabalhar as causas que estão por detrás destes problemas.

Hoje sei que a Libertação Miofascial não me dá todas as respostas e hoje estou a usar outras abordagens muito mais rápidas e eficazes.

O que hoje aplico é algo muito mais rápido e eficaz do que a Libertação Miofascial.

É assim que eu estou em trabalho de investigação para ver outras causas e outras soluções para que de facto os resultados surjam o mais rápido possível e para que a criança não tenha de andar a fazer várias sessões semanais até aos 18 anos.

Até ter resultados concretos e fiáveis vou continuando a fazer o meu trabalho o melhor que sei e o melhor que posso.

De tudo isto, facilmente se compreende que o autismo é uma situação complicada e que não se resolve facilmente.

Os tratamentos acarretam uma despesa muito grande para os pais, sobrecarregando-os quando eles já estão demasiado sobrecarregados com o problema do filho.

Assim seria desejável que existissem apoios (financeiros, investigação, etc.) vindos de pessoas que o pudessem prestar por forma a se conseguir dar um pouco de mais qualidade de vida não só ás crianças como aos seus pais.

No caso do autismo, o tratamento deve sempre começar por os pais se submeterem a tratamento primeiro, para que fiquem mais relaxados e não transmitam o seu stress e tensões acumuladas ao longo dos anos aos seus filhos, impedindo-os dessa forma de fazerem os progressos que precisam.


Síndromes - Rett


Síndrome de Rett: O que É, Causas, Sintomas, Pesquisas.
05/06/2009 - Leila Schuindt Monnerat.

O que é a síndrome de Rett?

A síndrome de Rett é uma doença neurológica que afeta principalmente o sexo feminino (aproximadamente 1 em cada 10.000 a 15.000 meninas nascidas vivas), em todos os grupos étnicos.
Clinicamente é caracterizada pela perda progressiva das funções neurológicas e motoras após um período de desenvolvimento aparentemente normal, que vai de 6 a 18 meses de idade. Após esta idade, as habilidades adquiridas (como fala, capacidade de andar e uso intencional das mãos) são perdidas gradativamente e surgem as estereotipias manuais (movimentos repetitivos e involuntários das mãos), que é característica marcante da doença.
Histórico.
Em 1954, o pediatra austríaco Andreas Rett (1924-1997) observou, na sala de espera de seu consultório, duas pacientes sentadas lado a lado, que apresentavam sintomas bem parecidos. Revisando os prontuários de seu consultório, verificou que havia mais seis meninas semelhantes àquelas. Isto despertou nele o interesse em estudar aquela doença neurológica e ele deu início à procura por pacientes que apresentavam sintomas semelhantes.
Em 1966, Dr. Rett publicou os resultados de seu estudo inicial sobre esta "nova" doença e nos anos seguintes novos artigos sobre o assunto. Entretanto, seu trabalho teve pouca repercussão, uma vez que seus artigos foram publicados em revistas científicas em alemão.
Paralelamente, a partir da década de 60, o médico sueco Dr. Bengt Hagberg ( nasc. 1923) iniciou um estudo sobre suas pacientes que apresentavam sintomas semelhantes aos descritos pelo Dr. Rett. Embora seus estudos estivessem sendo realizados de forma independente, estes dois médicos haviam relatado a mesma doença e, em 1983, o Dr. Hagberg publicou o primeiro trabalho científico em inglês sobre esta doença e a chamou de síndrome de Rett. A partir deste momento, a comunidade científica de todo o mundo voltou suas atenções para a síndrome de Rett, na tentativa de determinar sua causa.
Sintomas.
O diagnóstico da síndrome de Rett é baseado na avaliação clínica da paciente e deve ser feito por um profissional habilitado para tal, como neurologistas e pediatras.
Este diagnóstico é feito com base nos critérios diagnósticos estabelecidos, que consistem em:
Critérios necessários (presentes em todas as pacientes).
  • desenvolvimento pré-natal (antes do nascimento) e perinatal (pouco tempo depois de nascer) aparentemente normal;
  • desenvolvimento psicomotor normal até os 6 meses de idade;
  • perímetro cefálico (circunferência da cabeça) normal ao nascimento;
  • desaceleração do perímetro cefálico após 6 meses de idade;
  • perda do uso propositado das mãos;
  • movimentos manuais estereotipados (torcer, apertar, agitar, esfregar, bater palmas, "lavar as mãos" ou levá-las à boca);
  • afastamento do convívio social, perda de palavras aprendidas, prejuízos na compreensão, raciocínio e comunicação.
Critérios de suporte (presentes em algumas pacientes):
  • distúrbios respiratórios em vigília (hiperventilação, apneia, expulsão forçada de ar e saliva, aerofagia);
  • bruxismo (ranger os dentes);
  • distúrbios do sono;
  • tônus muscular anormal;
  • distúrbios vasomotores periféricos (pés e mãos frios ou cianóticos);
  • cifose/escoliose progressiva;
  • retardo no crescimento;
  • pés e mãos pequenos e finos.
Critérios de exclusão (ausentes nas pacientes):
  • órgãos aumentados (organomegalia) ou outro sinal de doenças de depósito;
  • retinopatia, atrofia óptica e catarata;
  • evidência de dano cerebral antes ou após o nascimento;
  • presença de doença metabólica ou outra doença neurológica progressiva;
  • doença neurológica resultante de infecção grave ou trauma craniano.
Evolução clínica.
De acordo com a evolução e sintomas, a síndrome de Rett é classificada em duas formas:
  • clássica;
  • atípica.
Na forma clássica, o quadro clínico evolui em quatro estágios definidos:
Estágio 1 - de 6 a 18 meses de idade.
  • ocorre desaceleração do perímetro cefálico (reflexo do prejuízo no desenvolvimento do sistema nervoso central);
  • alteração do tônus muscular (às vezes parece "molinha");
  • a criança interage pouco (muitas são descritas como crianças "calmas") e perde o interesse por brinquedos.
Neste estágio, os primeiros sintomas da doença estão surgindo, mas muitas vezes nem são percebidos pelos pais (especialmente se são "marinheiros de primeira viagem") ou pelos médicos (muitos deles desconhecem a síndrome de Rett).
Estágio 2 - de 2 a 4 anos de idade.
  • ocorre regressão do desenvolvimento;
  • inicia-se a perda da fala e do uso intencional das mãos, que é substituído pelas esteretipias manuais;
  • ocorrem também distúrbios respiratórios, distúrbios do sono (acordam à noite com ataques de risos ou gritos);
  • manifestações de comportamento autístico.
Estágio 3 - de 4 a 10 anos de idade.
  • a regressão é severa neste estágio e os problemas motores, crises convulsivas e escoliose são sintomas marcantes.
  • há melhora no que diz respeito à interação social e comunicação (o contato visual melhora), elas tornam-se mais tranquilas e as características autísticas diminuem.
Estágio 4 - a partir dos 10 anos de idade.
  • caracterizado pela redução da mobilidade, neste estágio muitas pacientes perdem completamente a capacidade de andar (estágio 4-A), embora algumas nunca tenham adquirido esta habilidade (estágio 4-B);
  • escoliose, rigidez muscular e distúrbios vasomotores periféricos são sintomas marcantes;
  • os movimentos manuais involuntários diminuem em frequência e intensidade;
  • a puberdade ocorre na época esperada na maioria das meninas.
Nas formas atípicas, nem todos os sintomas estão presentes e os estágios clínicos podem surgir em idade bem diferente da esperada.
Algumas doenças neurológicas compartilham sintomas com a síndrome de Rett e isto pode dificultar o diagnóstico clínico especialmente nos primeiros estágios da forma clássica (ou no caso de formas atípicas). Quando os primeiros sintomas da síndrome de Rett estão surgindo, muitas pacientes são diagnosticadas de forma equivocada como autistas, por exemplo. É importante que os profissionais de saúde estejam atualizados e conheçam sobre a síndrome de Rett para que sejam capazes de realizar o diagnóstico diferencial. Uma vez que o diagnóstico precoce facilita o estabelecimento de uma estratégia terapêutica adequada, a INFORMAÇÃO É FUNDAMENTAL.
Embora ainda não tenha sido descoberta a cura da síndrome de Rett, as pacientes que são acompanhadas de forma adequada podem ter uma vida melhor e mais feliz. E TAMBÉM VALE LEMBRAR: a síndrome de Rett não restringe a expectativa de vida das pacientes.
Causa.
Como falamos no título "Histórico da síndrome de Rett", após a década de 80 foi iniciada a busca pela causa da síndrome de Rett. Várias hipóteses foram propostas para explicar a doença, mas quando vários casos familiares (dentro da mesma família) foram relatados, ficou claro que a doença tinha uma causa genética.
Na década de 90, os pesquisadores estiveram empenhados em descobrir então qual era o gene (um ou vários?) e, no ano de 1999, a equipe chefiada pela Dra. Huda Zoghbi descobriu que a síndrome de Rett é causada por mutações (alterações) em um gene localizado no cromossomo X. Este gene, chamado MECP2 (do inglês methyl-CpG-binding protein 2) - e que nós pronunciamos "mec-pê-dois" - é um gene muito importante no controle do funcionamento de outros genes, desde o desenvolvimento embrionário. Ele codifica (produz) uma proteína (chamada MeCP2) que controla a expressão de vários genes importantes para o desenvolvimento dos neurônios (ou seja, quando e onde estes genes são expressos) em todos os vertebrados. Fazendo uma analogia e simplificando (bastante), a MeCP2 funciona como um dimmer (aquele botão que regula a intensidade da luz) e então podemos explicar a causa da síndrome de Rett da seguinte forma: nas pacientes afetadas pela síndrome de Rett, a MeCP2 não é capaz de funcionar corretamente e todo o desenvolvimento dos neurônios do embrião fica comprometido.
É importante lembrar que mutações no DNA ocorrem em todas as nossa células, ao longo de nossas vidas, todos os dias, sem que possamos saber ou controlar. Portanto, os pais e mães de pacientes afetadas pela síndrome de Rett, assim como pais de pacientes afetados por qualquer doença de origem genética, JAMAIS DEVEM SE SENTIR CULPADOS.
Uma ponta de grande esperança.
Em 23 de fevereiro de 2007 foi publicado um artigo considerado um dos marcos recentes na pesquisa sobre a síndrome de Rett. O artigo relata os resultados da pesquisa chefiada pelo Dr. Adrian Bird, que demonstrou que os sintomas da síndrome de Rett são reversíveis em camundongos. O trabalho consistiu, resumidamente, no uso de uma linhagem de camundongos geneticamente modificada, que teve um trecho de DNA introduzido na região do gene MECP2, o qual teve sua expressão bloqueada, e por consequência os animais apresentavam sintomas da síndrome de Rett. A remoção deste trecho de DNA foi induzida quando os animais receberam injeções de uma droga chamada tamoxifeno e após algumas semanas eles deixaram de apresentar os sintomas.
Estes resultados causaram grande furor entre os pais de pacientes, pois muitos pensaram que havia sido descoberta uma droga para curar a doença. Na verdade, o tamoxifeno fez parte do protocolo experimental do estudo e não é uma cura.
Assim, o que este trabalho evidenciou foi a reversibilidade dos sintomas da doença em modelos animais. Este foi um estudo preliminar e por isso requer aprofundamento. Até chegar às pesquisas com pacientes será uma longa caminhada. Apesar disso, os resultados obtidos pelo grupo de pesquisa indicam que há uma esperança para o desenvolvimento de terapias que possam restabelecer algumas das habilidades das pacientes e, talvez, levar à cura da síndrome de Rett.

Minha Infancia

Como disse na postagem anterior todos pensavam que o pesadelo havia terminado. Pois é, era só o começo de uma vida bem complicada. Bem vou falar um pouco de como foi minha infância. Quando voltei de BH precisei voltar a andar e quase não falava. Meus pais procuram um médico para acompanhar minha recuperação. Ele disse que tudo seria mais difícil pra mim mas que com o tempo iria recuperar e poderia desenvolver normalmente. Dez meses depois que voltei de BH meu irmão nasceu. Agora eu teria que dividir a atenção de meus pais e familiares com ele e isso doeu muito. Uma coisa que marcou muito essa etapa de minha vida foi as visitas que minha mãe e irmão recebiam. A atenção e presentes eram pra ele e eu fiquei muito desorientada, chorava, corria, não aceitava a chegada dele. O tempo passou e minhas dificuldade foram ficando cada vez mais claras, pois o meu irmão começou a sobressair. Ele é dois anos e meio mais novo do que eu e começava a fazer coisas que eu ainda não conseguia. Foi ai que minha mãe procurou a Apae para uma avaliação, depois da indicação de algumas pessoas. As pessoas que nos atenderam disseram que eu tinha um pequeno atraso, mas com uma estimulação poderia recuperar, nessa época eu tinha aproximadamente 4 anos. Não sei se isso foi uma boa ideia! Depois que comecei a frequentar  a Apae passei a repetir os gestos das crianças e adolescentes com quem convivia. Passei a babar e a mexer repetidas vezes as mãos "esfregando uma na outra". Fiquei lá aproximadamente 18 meses, depois novamente como sugestão de uma conhecida, minha mãe me matriculou juntamente com meu irmão em uma escola particular da cidade. Fiquei nessa escola por 2 anos. No primeiro ano eu era colega de meu irmão e tinha uma professora muito legal, ela é uma pessoa muito especial.  No outro ano, a supervisão da escola sugeriu  que eu fosse para uma sala com alunos de minha idade, e isso não foi bom. Não adaptei pois não conseguia acompanhar e socializar com as crianças de minha classe. Meus pais resolveram me retirar da escola e fui matriculada em um pequena escola em uma bairro próximo a minha casa. Como eu apresentava varias dificuldades meus pais que já haviam procurado ajuda dos médicos na minha cidade resolveram procurar também na capital. Indicada por uma professora que tinha uma parente com problemas semelhantes viajamos, eu e minha mãe para Belo Horizonte consultar com um neurologista pediátrico. Minha mãe foi comigo juntamente com minha Tia, que mora em BH para a consulta. O médico tinha sido bem recomendado em minha cidade, sua consulta era muito cara. O Médico só de olhar para mim disse que eu tinha síndrome de Rett, com toda a frieza possível em uma pessoa disse a minha mãe que eu não tinha expectativa de vida e que poderia morrer antes de completar 10 anos. Sem nenhum exame ou acompanhamento, em apenas 5 minutos ele diagnosticou uma criança com uma doença degenerativa do sistema nervoso. Minha mãe voltou desconsolada para minha cidade e não sabia o que fazer. Foi ai que uma tia que morava em São Paulo deu a sugestão de me levar para lá e buscar uma consulta no Hospital das Clinicas. Esse hospital atendia gratuitamente e era considerado muito bom. Conseguir uma consulta nesse hospital era muito difícil, mas mesmo assim minha tia conseguiu. Então minha mãe e eu fomos para São Paulo para a consulta. Chegar a esse hospital era muito difícil. Ficamos na casa de minha tia, minha mãe não conhecia nada em São Paulo e era preciso da ajuda de minha tia para ir até o hospital. Tínhamos que levantar de madrugada pegar ônibus e metro para chegar até lá. Normalmente a gente gastava grande parte do dia para ir ao hospital pois eram muitas pessoas buscando a mesma ajuda que nós e o atendimento demorava muito. O médico não era fixo, cada vez que a gente ia era um diferente e vários exames foram pedidos. Para fazer os exames era outro desafio, alguns deles eu precisava ser anestesiada e para voltar para casa de minha tia eu tinha que ser carregada. Como sempre incomodava a minha tia, meus pais resolveram hospedar na casa de meu tio em uma das várias vezes que precisei voltar ao hospital para consulta. Nesse dia minha mãe estava com minha prima e meu primo quando comecei a contorcer repetidas vezes o meu rosto, isso foi um horror para ela. Com a ajuda de minha prima, minha mãe correu para o hospital mais próximo, tive uma convulsão. Fui normalmente para a consulta e o médico indicou o uso de um anticonvulsivo e mais alguns exames. Foram várias as vezes que voltei para fazer exames e consultas, em uma das vezes que fiz exames fiquei internada para realizar uma punsão na coluna onde esperavam verificar se eu havia tido meningite. O triste é que para esse exame fui pigada varias vezes para que pudessem conseguir a amostra. Retornei para a casa de meu tio e na madrugada comecei com uma crise de convulsão. Minha sobrinha tentou ligar para minha tia para conseguir ajuda pois meus pais não sabiam qual hospital deveriam ir. Como não conseguiram falar foram para um hospital próximo a casa de meu tio onde sofri outras crises. Depois de várias tentativas minha sobrinha conseguiu falar com minha tia que conseguiu a minha transferência para o hospital das clinicas. Durante esse período sofri 12 convulsões e agora não só no rosto mas no corpo todo. Fiquei internada no hospital das clinicas por 3 dias. Ao voltar para minha cidade meus pais procuram um medico para fazer o acompanhamento pois ir todas as vezes em São Paulo estava ficando muito difícil e muito caro. Como na cidade não tinha medico neurologista pediátrico, eles resolveram procurar um médico em BH que era mais próximo. O médico pediu novos exames incluindo ressonância magnética que era novidade nessa época. Como o exame era muito caro, meus pais fizeram uma rifa para conseguir o dinheiro. Mas nada foi acusado em todos os exames realizados. Continuei a tomar os remédios indicados pelo medico de BH e por um bom tempo não sofri mais convulsões.
 Meus pais acharam melhor voltar comigo para a Apae pois não apresentava nenhum desenvolvimento. Já  tinha cerca de 6 anos falava muito pouco, era muito dependente de minha mãe e mal conseguia controlar a urina. Essa etapa foi muito ruim, fiquei em uma classe com crianças de várias idades, todas com deficiência mental grave. Mas como todos falavam que isso é o melhor para mim os meus pais concordaram. Durante seis meses eu chorei, todas os dias ao chegar lá. Foi nessa época que minha mãe conheceu Miriam, mãe de Ana Carolina. Ana era uma criança com paralisia cerebral e fazia um programa de recuperação em um centro chamado Renascer situado em São José do Rio Preto. Ela mostrou o programa para minha mãe que resolveu também tentar aplicar comigo.

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